O CALVINISMO MODERADO BATISTA
À semelhança de seu criador, o homem é dotado de moralidade, constituindo-se como plenamente responsável por seus atos. Crer diferente dessa realidade, como ensinam os calvinistas extremados, é o mesmo que atribuir à Deus a origem do mal e do desejo de pecar, presentes no ser humano.
Nós Calvinistas moderados, somos plenamente adeptos aos cinco pontos calvinistas, diferindo-se na interpretação extremada do acróstico T.U.L.I.P. Sim, somos calvinistas e piamente cremos na predestinação; porém, que a mesma é segundo a presciência de Deus (1 Pedro 1:2), isso é, segundo o livre-arbítrio e o pré-conhecimento dos atos morais realizados livremente pelo ser humano, sendo tais atos, totalmente conhecidos por Deus.
O homem é tão depravado que não consegue obter a sua própria salvação, sem que isso signifique que os homens sejam incapazes de compreender o Evangelho. A imagem divina no homem (Gênesis 1:27) foi apenas turvada, e não totalmente destruída. Apenas a partir do século XVI, na reforma, é que surgiram tais pensamentos soteriológicos extremados. Até então, com exceção do Agostinho velho (devido aos seus grandes desafetos com os donatistas que criam no livre arbítrio assim como Agostinho na juventude), que veio a mudar seus pensamentos, passando do que consideramos hoje, calvinismo moderado para um calvinismo extremado.
A visão moderada do calvinismo entende da seguinte forma o acróstico T.U.L.I.P:
1- DEPRAVAÇÃO TOTAL: O calvinismo clássico, ou extremado, acredita que o homem é tão depravado a ponto de não conseguir obter a própria salvação, o que é correto, o erro, no entanto, é afirmarem que o homem é incapaz de entender o evangelho sem que o Espírito Santo o regenere antes de salvá-lo, o que é uma inverdade. Não há regeneração sem aceitação. Afirmam ainda que os homens necessariamente pecam, ou seja, por obrigação pecam, e são totalmente entregues ao pecado. Ora, o Calvinismo moderado, entende que o homem não peca necessariamente, mas deliberadamente, isto é, por não conhecer ainda outro desejo que o mova a agir diferente. O pensamento extremado faz-nos compreender que se não há livre-arbítrio, então, o homem não pode ser julgado por seu pecado, se o homem peca necessariamente. O pensamento Calvinista Moderado sobre o primeiro ponto é: Deus não poderia julgar os homens se não lhes dera outra opção. Isso seria contrário à sua natureza onibenevolente e justa. O homem é totalmente depravado, e incapaz de salvar-se. Porém, é dotado de censo moral e capaz de entender sua real situação espiritual, e assim, livremente, capaz de crer no evangelho.
2- ELEIÇÃO INCONDICIONAL: O pensamento extremado afirma que a Eleição de Deus é uma graça especial derramada apenas sobre os eleitos, que são alguns poucos a quem o Senhor escolhera desde os tempos eternos para dar-lhes o dom da fé, a fim de crerem. Em detrimento de todos os demais seres humanos, que, segundo os extremados, mesmo que disfarçadamente, afirmam acerca dos tais: são odiados por Deus. Ora, tal assertiva, nos leva a entender mais uma vez que tal fato não faz parte da natureza Divina. O pensamento moderado do segundo ponto é: A eleição é incondicional do ponto de vista de Deus, isto é, pelo fato de Deus ser o autor da salvação, não há condições para ele ser o autor, ele simplesmente o é em sua essência. Deus é o doador, o propiciador da salvação, e se alguém dá algo a outrem, não há condições para sê-lo. No entanto, para o recebedor, isto é, para o homem, há uma condição: a fé (Efésios 2:8-9) que deve ser operada livremente pelo beneficiado. A natureza amável do Senhor não faz acepção de pessoas (Atos 10:34).
3- GRAÇA IRRESISTÍVEL: Segundo os extremados, o terceiro ponto se entende que: se o desejo do Espírito Santo é o de salvar alguém, esse tal não há de obter sucesso se assim não desejar. Ora, tal afirmativa, é totalmente contrária a palavra de Deus, pois o Próprio Cristo afirma que Deus desejava boas coisas a Jerusalém, no entanto, eles não o quiseram (Mateus 23:37). O pensamento Calvinista Moderado do terceiro ponto é: A graça é irresistível apenas sobre os eleitos, pois, uma vez crentes, foram regenerados, passaram a ser morada do Espírito Santo, e agora, a graça do Senhor lhes é irresistível; não que a livre agência dos eleitos tenha sido subjugada, mas a natureza pecaminosa não possui total controle como outrora (João 3:8) O calvinismo moderado entende ainda que Deus não age coercitivamente, mas indutivamente.
4- EXPIAÇÃO LIMITADA: O pensamento extremado do quarto ponto é que Jesus Cristo morrer único e exclusivamente pelos Eleitos. Ora, tal fato é uma inverdade. O pensamento Calvinista moderado entende que Jesus morreu por todos quantos predestinou (προορίζω), pois Cristo morreu em favor de todos quantos pecaram, isto é, todos os homens (Romanos 5:12, 1 João 2:2). No entanto, como nem todos hão de ser salvos, a expiação torna-se limitada. Entendamos melhor. A Expiação é ilimitada em sua extensão (todos podem ser salvos se quiserem, pois Jesus morreu por todos os pecados do mundo), mas é limitada em sua aplicação (nem todos desejam ter fé e ser salvos).
5- PERSEVERANÇA DOS SANTOS: Os calvinistas concordam com o quinto ponto Calvinista que afirma que todos quantos foram salvos hão de ser guardados e preservados até o fim. Jamais permanecerão para sempre no pecado, pois Deus os guardará até o fim (Salmos 34:17; 125:3; João 10.27-29; 17.15; Romanos 8:31-39; 1 Coríntios 1:8-9; 10:13; Efésios 1:4; Filipenses 1.6; 1 Tessalonicenses 1:4,10; 5:9-11; 2 Tessalonicenses 3:3; 2 Timóteo 1:12; Hebreus 4:14-16; 1 Pedro 1:5; 2.9; 2 Pedro 2:9; 3:15).
ÍCARO ALENCAR DE OLIVEIRA
Servo de Cristo