"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"
(João 8:32)
No texto bíblico supracitado, vemos algo muito interessante: a razão de nossa liberdade está intrinsecamente ligada à verdade, ou melhor, ao conhecimento da verdade; mas, num século relativista, como podemos ser libertos se, tão somente o que afirmamos e adotamos por verdade é meramente subjetivo, não objetivo? Seria este o caráter do ensino de Nosso Senhor Jesus Cristo? Será que todos os caminhos e religiões levam à Deus e são igualmente verdadeiros? Será que, assim como na parábola do elefante e dos cegos, as religiões são formas diferentes de referir-se ao mesmo Deus? Estas e outras perguntas são pertinentes.
Antes de mais nada, precisamos falar sobre a verdade. Primeiramente, a verdade não é subjetiva, mas objetiva. Quero aclarar a questão: a verdade não é aquilo que nos faz sentir-se bem; logo ela perde todo e qualquer traço de subjetividade que porventura possa ser-lhe lançado. A visão dos adeptos do Movimento Nova Era fazem uso dessa perspectiva da verdade que, basicamente, seria: “tudo o que trouxer sentimentos positivos, é verdadeiro; tudo o que trouxer sentimentos negativos, é falso.” Esta não parece ser uma alternativa muito segura pois é autodestrutiva. Quando qualquer um de seus proponentes recebem uma notícia terrível da morte de um de seus parentes, os sentimentos que lhe sobrevêm são claramente negativos, mas, tais sentimentos tornam o fato em inverdade? É certo que não. Logo, compreende-se que não é uma boa perspectiva para se encarar o tema sobre a verdade.
O mais básico conceito da verdade é que a verdade nada mais é do que aquilo que corresponde à realidade e ao objeto (ou à realidade) do objeto. Para Platão (428-248 a.C.): “Verdadeiro é o discurso que diz como as coisas são; falso é o que diz como elas não são”. Poderíamos afirmar que a verdade é aquilo que diz como as coisas verdadeiramente são e é lógico que a inverdade é tudo aquilo que é incoerente com a verdade e se lhe opõe. Assim, a verdade e a inverdade são regidas pela lei da não contradição. Para que cheguemos a quaisquer conclusões, precisamos do pressuposto racional. Este, por sua vez, possui três princípios básicos para fundamentação do argumento. Mas para este assunto, iremos apenas necessitar da lei da não contradição. É basicamente afirmar que se A é verdadeiro, então tudo o que difere de A é oposto, isto é, falso. Este raciocínio bem simples e lógico tem sido posto em cheque pela comunidade acadêmica do Século XXI. Segundo a lei da não contradição, não se pode afirmar que algo é verdadeiro e falso ao mesmo tempo, do contrário, não seriam sequer verdade, nem mentiras, mas apenas fatos contraditórios, e portanto, um espúrio suicídio intelectual.
Durante sua primeira vinda, Cristo Jesus afirmou ser a verdade; a verdade não era simplesmente a sua pregação, mas ele próprio é a verdade (Jo 14:6). Quando afirmamos que Cristo não é uma das verdades, mas a única verdade, negamos logo o relativismo, e afirmamos a existência de verdades absolutas. Mas o que é uma verdade absoluta? Uma verdade absoluta nada mais é do que uma verdade em todas as partes. Mas, como podemos afirmar uma verdade tão simples de se aceitar? Precisamos falar sobre a questão da verdade. O Evangelho afirma ser a verdade; não uma das verdades tão verdadeiras quanto qualquer outra, mas a única verdade. Muitos já estão prestes a parar a leitura neste ponto, mas não o faça sem antes atentar para algumas respostas que, comumente nos deparamos e que, talvez você mesmo esteja tomando para si como verdade, mas sem uma reflexão mais acurada sobre o tema.